Franceses protestam contra exigência de vacina e teste de Covid em espaços de lazer

Sem passe sanitário, os franceses não podem frequentar espaços de cultura e lazer, como shows, salas de concerto, parques de diversão, bares, cafés e restaurantes.

                                
Franceses protestam contra exigência de vacina e teste de Covid em espaços de lazer

Milhares de franceses protestam contra a exigência de vacina e teste de Covid em espaços de lazer. Sem máscaras de proteção, eles foram às ruas de Paris e das principais cidades francesas neste sábado (17) para protestar contra o endurecimento das regras determinadas por Emmanuel Macron, em meio à alta de casos de Covid-19 na França.


O presidente francês anunciou no início da semana que será necessário apresentar um comprovante de imunização ou um teste com resultado negativo para poder frequentar espaços de cultura e lazer, como shows, salas de concerto, parques de diversão, bares, cafés e restaurantes.


Os protestos contra a medida se espalharam pelo país. Segundo o Ministério do Interior, foram registrados 137 atos, que reuniram cerca de 114 mil pessoas, 18 mil das quais em Paris.


Entre os manifestantes reunidos nas proximidades do Museu do Louvre estavam representantes de partidos de extrema direita e do movimento dos ‘coletes amarelos', símbolos do movimento contra o governo que ganhou destaque no país desde 2018. 


“Eu nasci em Portugal, durante a ditadura de Salazar, eu não quero reviver isso”, disse à RFI uma participante que se identificou como Fernanda.


Para os críticos, a medida infringe a liberdade de escolha daqueles que não querem receber a vacinação. 


"Cada um é soberano em seu próprio corpo. De forma alguma um presidente da República tem o direito de decidir sobre minha saúde individual", disse à agência de notícias Reuters uma manifestante que se identificou apenas como Chrystelle.


Houve também comparações à Segunda Guerra Mundial e ao nazismo. 


Em Lille, no norte do país, uma manifestante que usava uma estrela de Davi disse que “não é uma referência à Shoah, termo da língua iídiche para Holocausto, mas às discriminações contra os judeus" e ressaltou que o símbolo não era amarelo, mas azul, de acordo com a RFI. 


Outros participantes compararam a política sanitária do governo a um 3º Reich (período em que vigorou o nazismo na Alemanha).


Em Chambéry, no sudeste, próximo à fronteira com a Suíça, os participantes dos atos denunciaram “a ditadura” que se organiza, segundo a RFI. 


Já em Toulouse, no sul, ainda de acordo com o veículo francês, houve quem tenha classificado a medida como um “apartheid sanitário”


Em Metz, no leste, a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um protesto, com 2.000 pessoas, relatou a mídia do país.


Apesar das dimensões das manifestações, uma pesquisa divulgada na sexta-feira (16) indicou que mais de 60% dos franceses dizem concordar com a exigência de um "passe sanitário", bem como com a vacinação obrigatória para profissionais de saúde, outra medida que gerou críticas a Macron.


Durante uma visita a um centro de vacinação em Anglet, no sudoeste do país, o primeiro-ministro Jean Castex reforçou o pedido para que os franceses aceitem receber as doses. 


"Eu ouço a relutância que surge, mas acho que devemos, a todo custo, convencer nossos cidadãos a serem vacinados. É a melhor maneira de lidar com essa crise de saúde", disse o premiê.


Um outro centro de vacinação, localizado no sudeste do país, foi vandalizado e destruído na noite de sexta (16), segundo a RFI. 


Michel Kramer, prefeito de Lans-en-Vercors, onde fica o estabelecimento, classificou os atos como desprezíveis e horríveis e responsabilizou os antivacinas.


O centro de vacinação foi instalado na sala de festas da cidade que se localiza em uma região montanhosa e turística da França e deveria começar a aplicar as primeiras doses neste sábado. 


Os responsáveis pelo ataque abriram os sistemas de incêndio do prédio que foi totalmente inundado. Além disso, as paredes foram pichadas com slogans antivacina, alguns utilizando a cruz da Lorena associada à letra V, símbolo patriótico usado pela resistência na Segunda Guerra. Seringas e compressas foram destruídas.


“São nossos filhos, os deste município, que vão pagar a conta dessa idiotice. As pessoas que fizeram isso confundem tudo”, declarou o prefeito. 


“Nosso orçamento já é apertado e agora esta sala, que é utilizada pelas associações locais, está totalmente inutilizável”


Segundo a RFI, a polícia abriu uma investigação sobre o ataque.


Neste sábado, o gabinete de Castex divulgou comunicado em que apresentou novas regras para a entrada de viajantes na França. 


A partir deste domingo (18), aqueles que ainda não foram vacinados e quiserem entrar no país deverão apresentar testes com resultados negativos feitos até 24 horas antes da viagem (o prazo anterior era de 48 horas para procedentes do Reino Unido e 72 horas para viajantes de outros países europeus).


Além dos britânicos, as novas regras se aplicam a viajantes da Espanha, Portugal, Chipre, Grécia e Holanda. 


O gabinete de Castex anunciou ainda a suspensão das restrições para viajantes que já estão completamente imunizados com um fármaco aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (Pfizer, Moderna, AstraZeneca ou Janssen) a partir deste sábado.


Ainda segundo o comunicado, Cuba, Indonésia, Tunísia e Moçambique foram incluídos na "lista vermelha" de restrições. 


Pessoas procedentes desses países precisam comprovar a urgência do pedido de entrada no país e atender a requisitos como ter cidadania francesa, autorização de residência ou visto de longa duração, entre outras possibilidades. 


Se a entrada for aprovada, ainda que o viajante já esteja vacinado, deverá cumprir sete dias de quarentena na França.


O Reino Unido, por sua vez, voltou a aplicar restrições de viagem que afetam quem esteve na França. 


O governo britânico divulgou uma diretriz nesta sexta que põe fim à exigência de quarentena para residentes britânicos que chegarem de viagem de países da chamada "lista laranja", que inclui tradicionais destinos turísticos europeus, como França, Itália e Espanha.


Pouco depois, no entanto, a França foi retirada da lista devido ao que as autoridades britânicas definiram como "presença persistente" de casos de infecção pela variante beta em território francês. 


Assim, qualquer pessoa que tenha estado na França em até dez dias antes de entrar no Reino Unido deverá ser posta em quarentena.


A França voltou a superar a marca de 10 mil novos casos por dia nesta semana, mas o número de pessoas hospitalizadas não cresceu na mesma proporção. 


Segundo dados do portal Our World in Data, 54,42% dos franceses receberam ao menos uma dose da vacina contra o coronavírus, e 40,07%, as duas. 


No total, o país de 67 milhões de habitantes registra, até este sábado, 5,9 milhões de casos e 111 mil mortes por coronavírus, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.



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