O espancamento até a morte de Moise Mugenyi Kabagambe provocou um debate sobre a violência de ódio contra a população negra do Brasil.
Milhares de pessoas protestaram em várias cidades brasileiras, após o assassinato do refugiado congolês de 24 anos que foi espancado até a morte no mês passado.
Sua morte provocou indignação e repulsa em todo o país. O protesto de domingo, organizado pela família, foi muito maior do que o esperado.
Moise Mugenyi Kabagambe foi morto em 24 de janeiro, agredido por três homens em um quiosque de praia onde costumava trabalhar.
O ataque foi capturado em imagens de câmeras de segurança que a polícia divulgou ao público.
O vídeo mostra os agressores atacando o jovem ao longo de 13 minutos, segurando-o e espancando-o com uma vara, e continuando a fazê-lo mesmo depois que ele perde a consciência.
Eles são vistos mais tarde tentando compressões no peito, depois rolando o corpo.
As imagens abaixo são do Portal UOL
A morte do jovem também mobilizou movimentos antirracismo, com muitos denunciando um cenário muito comum de assassinato de um homem negro.
O assassinato aconteceu durante um ano eleitoral, em que o presidente Bolsonaro almeja um segundo mandato. Mas os manifestantes dizem que seu silêncio sobre este caso mostra o quão pouco ele fez.
No Rio, manifestantes se reuniram do lado de fora do quiosque da praia onde Kabagambe morreu.
Ele foi tratado como um animal, como uma coisa, só porque estava reclamando dois dias de atraso no pagamento, cerca de US$20,
disse Carla Lima, advogada que participou dos protestos.
Estamos todos aqui porque queremos que os negros sejam tratados como humanos. Moise poderia ter sido meu filho, meu irmão, meu primo,
disse ela.
Protestos também foram realizados em Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, a capital Brasília e pelo menos outras sete cidades brasileiras.
Kabagambe mudou-se para o Brasil em 2011 de sua cidade natal, Bunia, capital da província de Ituri, nordeste do Congo, em 2011.
Por décadas, o leste do país estava atolado em conflitos, e reportagens da mídia local disseram que a família havia fugido dos combates entre os grupos étnicos Hema e Lendu.
Nós fugimos da violência em uma guerra civil para encontrar mais violência,
disse Yannick Kamamba, primo de Kabagambe.
Mais de 2.500 congoleses foram reconhecidos como refugiados no maior país da América Latina desde 2000, segundo o Ministério da Justiça, que supervisiona a imigração.
Nos últimos anos, o Brasil também viu um aumento nas chegadas de refugiados congoleses e camaroneses que buscam fazer a viagem por terra até a fronteira com os Estados Unidos.
Fotos: Carla Carniel e Lucas Landau / Reuters
