Porto da Pedra recebeu a proposta da prefeitura gonçalense de levar o discurso de preservação ambiental para a prática.
Foto: Prefeitura de São Gonçalo |
Ao escolher a Amazônia como tema de seu Carnaval, a Unidos do Porto da Pedra abre alas para a iniciativa sustentável na festa carioca.
Em parceria com a Prefeitura de São Gonçalo e o Instituto Abraça o Tigre, a proposta sinaliza a importância do debate sobre sustentabilidade em grandes eventos como o carnaval.
A iniciativa visa a minimizar o impacto ambiental com o plantio de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica na unidade de conservação do município onde fica a escola.
Em carnavais passados, enredos com temáticas ambientais ficaram apenas na apresentação. Agora, a ‘Invenção da Amazônia’: Um Delírio do Imaginário de Júlio Verne” da Porto da Pedra, que vai passar na Série Ouro, a segunda divisão da festa, recebeu a proposta da prefeitura gonçalense de levar o discurso de preservação ambiental para a prática.
Continua depois do anúncio
“A nossa ideia foi que eles internalizassem um conceito de sustentabilidade para desenvolver nesse carnaval”, explica Gláucio Teixeira, biólogo e subsecretário de Meio Ambiente da Prefeitura de São Gonçalo.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente estimou que a escola vai emitir aproximadamente 2,12 toneladas de CO2 durante as atividades para o Carnaval de 2023. Assim, adotou como medida a compensação das emissões provenientes da queima do diesel dos carros alegóricos, dos ônibus ao transporte dos integrantes para ensaios e desfile, do combustível usado nos geradores e da energia consumida pelas máquinas de costura para confecção das fantasias.
A partir da estimativa desse número, a equipe técnica da Prefeitura usou como base a metodologia da calculadora de CO2 – ferramenta da Fundação SOS Mata Atlântica – para projetar a quantidade de mudas a serem plantadas para a compensação.
Foto: Prefeitura de São Gonçalo |
A calculadora, didática, busca democratizar o acesso às melhores práticas ambientais. “São apresentadas, linha a linha, atividades que emitem CO2 no nosso cotidiano. O cálculo final, baseado nos valores preenchidos nessas linhas, estima a quantidade de emissão do gás. Para cada tonelada, recomendamos o plantio de seis árvores nativas. Essa é uma conta generalista, com caráter educacional. Mas, de forma bem ampla e irrestrita, tem a recomendação dessa média”, explica Rafael Bitante, gerente de restauração da SOS Mata Atlântica.
Para ele, é importante que sejam feitas escolhas melhores em todos os setores da sociedade para mitigar os impactos no planeta. “Todas as atividades potencialmente emitem carbono. Nos espaços do nosso cotidiano, se formos vigilantes em torno disso e conscientes de cada um desses movimentos que fazemos, conseguimos reduzir a nossa pegada no planeta. Fazer uma escolha melhor é possível”, prega.
Para a Porto da Pedra, a escolha se materializou no plantio das mudas em 30 de novembro na APA Engenho Pequeno, em São Gonçalo.
Os alunos do Instituto Abraça o Tigre, braço social da agremiação, realizaram a ação com os membros da Porto da Pedra. A diretora do Instituto, Karla Ribeiro, afirma que é necessário debater sobre a preservação ambiental em todas as oportunidades.
“Ao falar da Amazônia, maior representatividade ambiental do nosso país e mundo, a escola busca captar benefícios para o nosso município e conscientizar as pessoas”. Para ela, com essa proposta, a agremiação põe em prática a responsabilidade socioambiental com intenção de trazer mudanças para o Carnaval.
Como patrimônio imaterial e cultural do município de São Gonçalo, ao receber a proposta da prefeitura, a escola não teve resistência em topar a iniciativa.
O diretor de Carnaval, Aluizio Mendonça, conta que com a pesquisa do enredo ficou nítida a importância da redução das emissões. “Junto com a grande vontade de contribuir com o município, nossa ideia é colaborar com o meio ambiente e conscientizar as pessoas desse compromisso com a vida”.
Teixeira acredita que esse movimento de consciência ambiental e contribuição climática durante o evento precisa se tornar praxe.
“Acho que chegou a hora. É o maior espetáculo da terra. Precisamos criar essa cultura de sustentabilidade e nada melhor do que o samba para fazer isso por meio da cultura popular. É aquilo que está na raiz das pessoas”. O enredo aborda a riqueza natural da Amazônia e a importância da luta das pessoas que defendem aquela terra. Para o biólogo, o Carnaval tem que estar conectado com essa pauta. “No fim das contas, quem ganha é o planeta. Ele é um só. Por isso, temos que nos preocupar e criar alternativas. Se não, não sairemos nunca do discurso para a prática”, conclui.
Fonte: #COLABORA