Segundo o órgão, a embarcação continha 9,6 toneladas de amianto – potencial tóxico e cancerígeno –, além de 644 toneladas de tintas e outros materiais perigosos.
A Marinha afundou o porta-aviões São Paulo na tarde da sexta-feira (3), após meses de tentativas de dar um destino à embarcação. Após vencer uma batalha judicial contra o MPF (Ministério Público Federal), a Marinha do Brasil obteve autorização para afundar o porta-aviões desativado.
A Marinha alega que o procedimento foi feito de forma controlada e planejada, a 350 quilômetros da costa brasileira, em uma região com cerca de 5 mil metros de profundidade.
“O procedimento foi conduzido com as necessárias competências técnicas e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro”, diz o comunicado, assinado também pelo Ministério da Defesa e pela Advocacia-Geral da União (AGU).
A decisão pelo afundamento do navio foi anunciada na última quarta-feira (1°) após a empresa turca Denizcilik (SÖK), que havia comprado, em 2021, o casco para reciclagem, abandonar a embarcação.
O porta-aviões retornou ao Brasil porque a Turquia cancelou a autorização que havia emitido para a exportação no fim de julho de 2022. Segundo a Marinha, o casco do navio precisava de reparos que a SÖK não demonstrou interesse em fazer.
Impacto ambiental
Em nota técnica, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apontou para diversos impactos ambientais que poderiam ser causados pelo afundamento. Entre os riscos, está a liberação de materiais poluentes que fazem parte da estrutura do navio.
Para o órgão ambiental, a melhor opção seria a reciclagem ambientalmente correta do casco. Ainda na sexta-feira (3), o Ibama solicitou informações à Marinha sobre o naufrágio do porta-aviões para estudar alternativas para diminuir e salvaguardar impactos ao meio ambiente.
Segundo o MPF, a sucata da embarcação contava com 9,6 toneladas de amianto, substância com potencial tóxico e cancerígeno, além de 644 toneladas de tintas e outros materiais perigosos. O uso do amianto é proibido no Brasil desde 2017, após decisão do Supremo Tribunal Federal.
O Ministério Público já havia pedido à Justiça que emitisse uma liminar proibindo a Marinha de afundar o navio. O pedido foi rejeitado pelo juiz federal Ubiratan de Couto Mauricio.
Fontes: G1 / Agência Brasil